"A linha é a de vencer"

Por Janaína Capistrano

Durante a primeira semana de abril, foi realizado na Igreja Céu do Cerrado o primeiro Feitio do ano de 2010. Os trabalhos do ritual de preparo do Daime, que, aliás, já se tornaram uma tradição entre a irmandade do Cerrado, ocorreram num período repleto de simbolismo, a Páscoa. Nesse período relembramos a ressurreição de Cristo e, portanto, consagramos tudo o que esse evento significa no seio da nossa doutrina e, principalmente, a libertação e o renascimento.  

Após ter ressuscitado, Jesus encontrou-se com Maria e Maria Madalena, pedindo a elas que anunciassem a seus discípulos um encontro na Galiléia. Quando todos o viram, “o adoraram, mas alguns duvidaram. E chegando-se Jesus falou-lhes dizendo: é me dado todo o poder no Céu e na Terra.” (Mt28.17).

Nos dias do Feitio, a lembrança desse encontro com o divino que a Páscoa nos traz, tornou-se mais intensa, porque a proximidade com o sacramento é maior nesses momentos e a união da família Juramidam é muito necessária, para que tudo saia conforme o Mestre Irineu e o Padrinho Sebastião ensinaram. Assim, a força do Daime foi chegando de mansinho a cada coração confortando com a verdade e vencendo a dúvida. As presenças amorosas dos padrinhos da Igreja Roberto e Albertina Corrente, foram as estrelas que iluminaram o caminho do encontro. Na quinta-feira dia 01 de abril, depois de passar o dia na bateção, fornalha, colheita e limpeza das folhas, a noite adentrou e todos se reuniram de farda azul na igreja para cantar o hinário da Maria Damião. Na sexta da paixão os trabalhos continuaram e no sábado, na noite que antecedeu o domingo de páscoa, todos se reuniram novamente na Igreja para, desta vez, cantar os hinários “Sete Estrelas” e “Balança de São Miguel” dos padrinhos respectivamente. A noite foi inesquecível, o salão se iluminou mostrando a presença viva da missão do Padrinho, na disciplina e no amor, e presenteando a todos com um bálsamo de esperança e fé. 

 É importante lembrar também, que a presença dos irmãos de Teresina PI foi fundamental para fortalecer os elos da expansão da doutrina através do sentimento de irmandade e, mais do que isso, foi formada com esses irmãos a conexão da alegria, do amor e da harmonia. No domingo, foi realizado um trabalho de mulheres na mata dirigido pela Madrinha Albertina que, além de simbolizar o encerramento oficial do primeiro feitio do ano, também representou a chegada do EMFLORES (Encontro de Mulheres na Floresta) no Cerrado. 

O EMFLORES surgiu em 2007 através da união das mulheres da doutrina do Santo Daime em prol da sustentabilidade da Doutrina Comunitária. A partir de então as membros desse movimento, vêm desenvolvendo atividades de conscientização sobre o que elas consideram como sendo o principal propósito que um dia as uniu na Floresta, ou seja, a espiritualidade. Através dessa conscientização, hoje as mulheres que aderem à idéia assumem uma responsabilidade, entendida como sendo própria da natureza da mulher, ou seja, a responsabilidade “no expandir da educação espiritual” e em firmar “nossa corrente com o firme propósito de não esmorecer diante dos desafios que aparecem”.
(Carta Aberta – EMFLORES- < http://radiojagube.multiply.com/journal/item/3/3>) 
Após um trabalho repleto de consciência divina e amor, a Madrinha Albertina pediu para que de mãos dadas fizéssemos um círculo e em sua preleção nos falou sobre os desafios vividos na doutrina, sobre o balanço, a importância da união, da firmeza, da verdade e do amor. Finalmente, a Madrinha chamou a atenção de todas para que se unissem em uma linha: a linha é a de vencer! Disse ela. 

O balanço final desse Feitio com certeza é positivo, e pode afirmar que se tratou de um daqueles eventos que ocorrem na nossa doutrina e nos levam a reafirmar nossa fé, é mais uma pedrinha da dúvida que foi retirada do caminho de encontro com o verdadeiro eu e com os nossos Mestres.